"Há tempos tive um sonho... não me lembro. Não me lembro."
O que aconteceu?
Podemos e nos é proporcionado um espaço para escrever, expressar opiniões, dialogar, construir, desconstruir e refletir. Entretanto, uma apatia se faz presente... Questionamentos ausentes... Nesse momento, as perguntas que devemos nos fazer são: "por que estamos aqui?", "o que fazemos aqui?".
Ainda estamos buscando as respostas. Pode ser que o processo de produção da escrita, enquanto estímulo à reflexão e ao pensamento possa elucidar esses questionamentos. Ou não. De qualquer forma, se propor a isso, questionar e ser questionado, já é válido.
Talvez o pharmakón para tal apatia seja nos perguntarmos sempre por isso, perguntar o que fazemos e por que estamos aqui, ainda que acreditemos ter encontrado a resposta. Lembremos que o pharmakón é uma droga. Em que doses comedidas, pacifica as angústias. Em doses excessivas, mata. Não devemos acabar com nossas angústias. Interromperíamos aquilo que nos move.
A apatia entendida como ausência de afetos, nos faz refletir sobre a nossa relação com a História - mundo de variadas paixões. É como se estivéssemos encobertos por um véu que esconde o brilho e o encanto pelo fazer História. Temos que nos encantar, nos identificar, deleitar e mover. Onde está o encanto?
"E há tempos o encanto está ausente."
Será?
Mover. É o que precisamos.
ps. As citações são referentes à trechos da música "Há tempos", da banda Legião Urbana.
____________________________________________________________________
Esse texto foi escrito por duas integrantes do "Cinco de História", Fernanda Carvalho e M.A., e foi publicado no jornal do CAHIS (jornal do centro acadêmico de História). Ele versa questões que surgiram no decorrer do curso de História e nos fazem refletir, porém pode ser aplicado em um outro contexto que faça sentido para você. Ainda propomos um incentivo à produção da escrita e por isso postamos ele aqui no blog. Convidamos vocês a escreverem também, seja discussões nos cometários, seja colaborações de textos.
Leia, reflita, comente...
28 de outubro de 2010
Cinco de História: cinco pessoas, cinco universos e um lugar de encontro (Parte II)
Sobre o blog:
Esses questionamentos (para saber mais, leia a Parte I desse post) nos levaram a pensar no que fazemos e no que somos capazes de fazer. E, para nós, pensar isso é o que dá sentido ao fazer História. Não um sentido único, mas um sentido que será construído através dos "caminhos" traçados por cada um de nós, pois cada pessoa é movida por paixões diferentes. Isso implica em diversas perspectivas, variadas experiências a partir de variadas viagens. Escolhemos viajar e compartilhar nossas experiências de viagem, esperamos que vocês compartilhem as suas também.
Quanto a viagem, começamos a pensar nela quando fomos apresentados ao poema de Kaváfis, Ítaca, em uma aula de Introdução aos Estudos Históricos. O poema traz a epopéia de Homero, Odisséia. Fala sobre a viagem que Odisseu encara no seu retorno à Ítaca, depois da guerra de Tróia. Odisseu tem como objetivo chegar à Ítaca e, embora tenha seu retorno retardado em 10 anos, o atinge ao final da epopéia.
No decorrer de sua viagem, Odisseu vive inúmeras experiências e sobre isso o poema de Kavafis nos faz refltir. A viagem repleta de aventuras e saberes de Kaváfis possibilita uma compreensão sobre quem somos e o sentido que damos a nossa vivência. O distanciamento, o percurso, a viagem deve ser apreciada e aprofundada para tornar-se rica. Isso proporciona muito mais do que Ítaca por si só.
Pois a busca é mais importante que a finalidade, a viagem é mais importante que Ítaca. Se a expectativa de felicidade e riqueza estiver somente em Ítaca ignora-se a felicidade e a riqueza proporcionadas pela viagem.
Não esperamos que todos compartilhem das nossas perspectivas, até porque não é essa a nossa intenção. Por isso abrimos esse espaço para discussões e reflexões, mas de uma maneira plural, contando com a colaborações de vocês.
ps. Para que um texto seja postado, basta enviá-lo para: itaca.historia@gmail.com
ps.2. Todas as quintas-feiras postaremos um texto que tenha sido enviado para o e-mail.
Esses questionamentos (para saber mais, leia a Parte I desse post) nos levaram a pensar no que fazemos e no que somos capazes de fazer. E, para nós, pensar isso é o que dá sentido ao fazer História. Não um sentido único, mas um sentido que será construído através dos "caminhos" traçados por cada um de nós, pois cada pessoa é movida por paixões diferentes. Isso implica em diversas perspectivas, variadas experiências a partir de variadas viagens. Escolhemos viajar e compartilhar nossas experiências de viagem, esperamos que vocês compartilhem as suas também.
Quanto a viagem, começamos a pensar nela quando fomos apresentados ao poema de Kaváfis, Ítaca, em uma aula de Introdução aos Estudos Históricos. O poema traz a epopéia de Homero, Odisséia. Fala sobre a viagem que Odisseu encara no seu retorno à Ítaca, depois da guerra de Tróia. Odisseu tem como objetivo chegar à Ítaca e, embora tenha seu retorno retardado em 10 anos, o atinge ao final da epopéia.
No decorrer de sua viagem, Odisseu vive inúmeras experiências e sobre isso o poema de Kavafis nos faz refltir. A viagem repleta de aventuras e saberes de Kaváfis possibilita uma compreensão sobre quem somos e o sentido que damos a nossa vivência. O distanciamento, o percurso, a viagem deve ser apreciada e aprofundada para tornar-se rica. Isso proporciona muito mais do que Ítaca por si só.
Pois a busca é mais importante que a finalidade, a viagem é mais importante que Ítaca. Se a expectativa de felicidade e riqueza estiver somente em Ítaca ignora-se a felicidade e a riqueza proporcionadas pela viagem.
Não esperamos que todos compartilhem das nossas perspectivas, até porque não é essa a nossa intenção. Por isso abrimos esse espaço para discussões e reflexões, mas de uma maneira plural, contando com a colaborações de vocês.
ps. Para que um texto seja postado, basta enviá-lo para: itaca.historia@gmail.com
ps.2. Todas as quintas-feiras postaremos um texto que tenha sido enviado para o e-mail.
26 de outubro de 2010
Cinco de História: cinco pessoas, cinco universos e um lugar de encontro (Parte I)
Nesse post iremos apresentar nosso grupo: “Cinco de História”.
Embora possa parecer que somos um grupo antigo, o “Cinco de História” surgiu recentemente, a partir de momentos de reflexões conjuntas em halls universitários e mesas de bar.
Nos conhecemos em 2009, quando iniciamos a faculdade de História. Éramos cinco pessoas diferentes com variadas expectativas, curiosidades e questionamentos. Mesmo diferentes, acabamos nos aproximando.
Ainda vislumbrados pela primeira pintura da faculdade, um impressionismo do momento, nos deparamos com uma questão: “por que fazer História?”.
Foi um professor que fez essa pergunta durante uma aula... Suas aulas nos faziam refletir, questionar... nos inspirava... Algo nos moveu.
Foi um professor que fez essa pergunta durante uma aula... Suas aulas nos faziam refletir, questionar... nos inspirava... Algo nos moveu.
Mas ao contrário do que se poderia pensar, essa pergunta não nos levou a nenhuma resposta, nenhum lugar, mas nos proporcionou outros questionamentos, outros caminhos.
E é por esses caminhos que buscamos trilhar nossa viagem...
20 de outubro de 2010
Ítaca
William Turner |
Ítaca
Se partires um dia rumo à Ítaca
Faz votos de que o caminho seja longo
repleto de aventuras, repleto de saber.
Nem lestrigões, nem ciclopes,
nem o colérico Posidon te intimidem!
Eles no teu caminho jamais encontrarás
Se altivo for teu pensamento
Se sutil emoção o teu corpo e o teu espírito tocar
Nem lestrigões, nem ciclopes
Nem o bravio Posidon hás de ver
Se tu mesmo não os levares dentro da alma
Se tua alma não os puser dentro de ti.
Faz votos de que o caminho seja longo.
Numerosas serão as manhãs de verão
Nas quais com que prazer, com que alegria
Tu hás de entrar pela primeira vez um porto
Para correr as lojas dos fenícios
e belas mercancias adquirir.
Madrepérolas, corais, âmbares, ébanos
E perfumes sensuais de toda espécie
Quanto houver de aromas deleitosos.
A muitas cidades do Egito peregrinas
Para aprender, para aprender dos doutos.
Tem todo o tempo ítaca na mente.
Estás predestinado a ali chegar.
Mas, não apresses a viagem nunca.
Melhor muitos anos levares de jornada
E fundeares na ilha velho enfim.
Rico de quanto ganhaste no caminho
Sem esperar riquezas que Ítaca te desse.
Uma bela viagem deu-te Ítaca.
Sem ela não te ponhas a caminho.
Mais do que isso não lhe cumpre dar-te.
Ítaca não te iludiu
Se a achas pobre.
Tu te tornaste sábio, um homem de experiência.
E, agora, sabes o que significam Ítacas.
Konstantinos Kaváfis
(tradução: J. P. Paes)
______________________________________________________
O primeiro post traz o poema "Ítaca", de Kaváfis. Este, nos foi apresentado no curso de Introdução aos Estudos Históricos, da faculdade de História. Uma reflexão que levamos conosco. Marca indelével.
M.A.
Assinar:
Postagens (Atom)